Morte: Saiba porque esse assunto ainda é tabu
A morte está diariamente presente em nossas vidas, seja por meio de conhecidos, entes queridos ou notícias e, mesmo assim, esse assunto ainda é tabu. Fato é que, mesmo sendo inevitável, queremos postergar os sentimentos causados pela perda de alguém.
Considerado um assunto desagradável e adiável, a morte não faz parte até mesmo de conversas importantes sobre o futuro, que poderiam facilitar processos no momento em que ela ocorrer. Sem a devida compreensão, o luto se torna um momento de grandes dificuldades para todos os envolvidos.
Por meio deste artigo, vamos desmistificar a morte e os sentimentos adjacentes ao seu acontecimento.
Por que o assunto morte ainda é tabu?

O tabu acerca da morte é uma característica comum na maioria das sociedades ocidentais. Embora existam exceções como, por exemplo, no México, país ocidental onde a morte é digna de uma grande celebração e adoração, em geral a morte é vista como uma ocasião a ser evitada a qualquer custo.
Boa parte desse pensamento negativo veio com o advento da Revolução Industrial, momento de grande fomento científico. A ciência é prática e tangível, enquanto a morte desafia tudo o que sabemos, uma vez que, à parte de crenças religiosas, ninguém sabe o que vem depois da vida.
O tabu está no desconhecimento acerca do que esperar. E mesmo as coisas que são possíveis de imaginar, como o luto, são evitadas de modo a não antecipar uma dor. Ainda que compreensível, o tabu impede o que muitos filósofos apontam como uma vida plena.
É importante colocar a morte em pauta para que se identifiquem maneiras mais reconfortantes de saber lidar. É uma experiência muito individual, baseada em crenças, valores, relações interpessoais e tolerância.
A aceitação da morte é o primeiro passo para uma relação mais saudável com o tema. Saber que vamos, inevitavelmente, enfrentar ou vê-la acontecer. Entender que é um processo natural ao qual todos estarão sujeitos em algum momento da vida.
Por que precisamos falar de morte?

Sêneca, famoso filósofo da corrente estoica, discutiu sobre a morte durante toda a concepção de sua obra. Ele, assim como outros, defenderam que aprender a morrer é essencial para aprender a viver.
E essa frase se aplica à necessidade de falar de morte. Se estamos sujeitos e vamos enfrentar, devemos compreender para aproveitar a vida ao máximo e encontrar a felicidade em pequenas coisas.
Falar de morte é se preparar para viver o luto. O sofrimento não deixará de existir, mas não será visto como uma punição e sim um sentimento decorrente de uma ocasião. Vários profissionais desde médicos, psicólogos até floricultores podem nos ensinar que é possível viver e conviver com a morte como algo natural.
Naturalizar é, ainda, o ponto crucial do porquê falar de morte. O medo sobre o tema faz aumentar o medo do acontecimento, transformando-o em algo de extrema infelicidade e pânico.
Qual é a principal dificuldade de falar sobre morte?

A principal dificuldade de falar sobre a morte é encarar a finitude e não saber como reagir. A professora Maria Julia Kovács, estudiosa sobre a morte desde 1980, citou em entrevista para USP, o medo que as pessoas têm de escutar sobre a morte e não saber o que falar.
O que poucos ponderam é que essa dificuldade de falar sobre a morte Vai dificultar o momento em que ela ocorrer a alguém próximo e querido, ampliando o sofrimento. O enlutado poderá passar por fases mais difíceis na tentativa de prolongar o debate sobre o assunto.
Morte: mistério incompreensível ou absurdo inaceitável?

A morte nos revela uma única certeza que é a sua existência, no entanto, não se sabe quais são os eventos – se é que existem – que sucedem a sua chegada, tornando-a um mistério incompreensível.
Quando a realidade bate à porta dos que julgam a morte como um absurdo inaceitável não há o que possa ser feito. O prolongamento da morte, também conhecido como distanásia, não é aplicável a todos os casos, tampouco há uma conclusão acerca da dignidade dessa prática.
A morte é um destino certo a todos que vivem e mesmo assim muitos se recusam a falar sobre, como se a negação fizesse desaparecer a possibilidade de sua existência, algo que sabemos que não procede.
Tida como uma adversária a ser derrotada, a morte é capaz de originar anseios muito antes de existir a um ente querido. E isso é um resultado das relações de consumo da atualidade, uma vez que a busca pela juventude ou jovialidade são alvos de constantes lançamentos de produtos e serviços.
As pessoas têm medo de envelhecer ou de ver pessoas próximas envelhecendo, pois após isso, vem a temida morte. O anseio pela saudade e dor impede, em alguns casos, uma vida com mais experiências. Os filhos que têm medo de sair de perto da família, evitando uma mudança de cidade ou país, por exemplo.
A inevitabilidade e a imprevisibilidade são esquecidas muitas vezes. A morte pode acontecer a qualquer momento e circunstância, algo que é de conhecimento geral. É imprescindível aceitar o fim da vida para evitar tomar ações que impeçam o seu aproveitamento.
Em resumo, quanto mais temor, maior o sofrimento em decorrência de algo intrínseco ao ser humano, tão natural quanto saber que respiramos ou que precisamos nos alimentar.
O brasileiro não gosta de falar sobre morte

Antes mesmo de analisar pesquisas e dados, basta uma simples observação. O brasileiro é um povo essencialmente religioso, com preocupação extrema sobre o que o espera no além-vida e está constantemente em busca de uma resposta sobre o que vem depois, na tentativa de amenizar seus medos.
Segundo pesquisa da revista The Economist (2017), 50% dos entrevistados brasileiros desejam ter sua vida prolongado ao máximo, independentemente das consequências causadas por um longo período no hospital.
Na mesma pesquisa, 83% afirmaram que a religião impacta na forma como querem que sejam tratados ao fim da vida, o que ocasiona a insistência em evitar o fim do curso natural. Os cuidados paliativos são extremamente comuns no país, mesmo nos casos em que a recuperação da vida plena é inviável.
Além de não falar sobre a morte, segundo o Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), o brasileiro não se prepara para tal ocasião em decorrência do medo excessivo de perder alguém. Um total de 82,4% dos entrevistados afirmou que não há maior sofrimento do que esse.
Ainda podemos citar outros dados que revelam o porquê desse assunto ser tão adiado:
• 30% afirmaram temer a morte de forma extrema;
• 10% creem que falar sobre o tema vai atrair a morte (a superstição é um traço comum a vários brasileiros;
• 63% acreditam que a tristeza está conectada à morte;
• 48,6% não se sentem aptos a lidar com a perda.
A associação da morte aos sentimentos do luto cria uma enorme dificuldade de falar sobre o assunto, mesmo que isso seja importante. A morte é considerada um assunto íntimo que deve ser evitado, como apontou 57,4% dos entrevistados.
Os rituais relacionados à morte têm perdido a força de antigamente, uma vez que são tidos como mórbidos e o medo de encarar os sentimentos faz os familiares encurtarem as cerimônias e solenidades.
O velório, por exemplo, antes realizado nas casas de famílias, são tirados da intimidade do lar para locais mais neutros, para que a morte não seja recordada com tanta frequência.
A extrema valorização da felicidade também está relacionada ao fato de que muitos brasileiros não gostam de falar sobre a morte. A tristeza do assunto é um repelente ao debate, uma vez que se preza cada vez mais a busca exacerbada por momentos alegres.
Como falar de morte com as crianças?

Ao contrário do que muitas famílias praticam, não se deve ocultar a morte das crianças. Preservar a criança, embora seja um gesto afetuoso, poderá gerar uma maior ansiedade sobre o assunto no momento em que ele surgir.
As crianças são capazes de perceber alterações em sua rotina familiar ou vida, então dada a morte de alguém querido ou animal de estimação, certamente a falta será sentida. Segundo Julio Peres, psicólogo, a criança entende até aos 6 anos que a morte pode ser reversível.
Isso se dá em virtude dos estímulos que recebe em desenhos animados e filmes, em que o personagem se machuca, mas sempre volta. O mesmo se dá com os inúmeros jogos digitais. O profissional explica que é necessário deixar a criança entender a morte aos poucos.
Cabe ressaltar que o medo da morte é do adulto e no momento de contar sobre a morte para crianças deve-se evitar metáforas. Dizer que alguém vai dormir para sempre, poderá gerar um medo irreal na criança no momento do sono, por exemplo.
A decisão por incluir as crianças nos rituais que sucedem a morte cabe a cada família, o fato é que não se deve esconder essa condição da criança. A dica é utilizar situações do dia a dia para explicar a morte antes que ela ocorra a alguém querido, de forma a naturalizar o seu acontecimento.
As crenças religiosas da família também podem ser utilizadas no momento de explicar para onde o familiar irá, isso servirá de conforto à criança. A supressão de emoções não deve ser incentivada, uma vez que sentir faz parte da vida.
Luto e as relações sociais

Especialistas defendem a existência de cinco estágios de luto que podem ocorrer de diferentes formas, uma vez que esse conjunto de sentimentos é algo individual. Durante esses estágios, as relações sociais podem ser afetadas conforme a reação do enlutado.
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Muitos optam pelo isolamento como forma de preservar aqueles que estão à sua volta, enquanto outros podem adquirir um comportamento extrovertido, na tentativa de se distanciar da realidade.
Os cinco estágios, que podem não ocorrer em ordem ou espaçadamente, são a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. Se você já viveu a perda de alguém, pode se reconhecer em uma dessas fases.
A negação representa o momento de evitar o assunto, causando o isolamento, a raiva e a barganha são momentos de externalização sobre o ocorrido que podem ser muito complicados, exigindo o acompanhamento psicológico.
A depressão é um estágio em que a tristeza pode assumir diferentes formas, alternando entre melancolia, desânimo e crises de choro. E a aceitação é o estágio em que o enlutado está apto a aceitar a perda.
O sofrimento é muito particular e não há uma previsão lógica de quando o enlutado irá se recuperar. Acelerar esse processo ou evitá-lo são atitudes que vão pesar futuramente, podendo complicar a relação do enlutado com seus próprios sentimentos.
Contar com uma rede de apoio, seja ela dentro da família ou em grupos externos e terapia é importante para externar o que se sente, evitando o acúmulo de sentimentos e reações que podem se transformar em doenças de cunho psicológico e até físico.
Deve-se respeitar o espaço do enlutado, sem deixar de oferecer ajuda. Da mesma forma, o enlutado deve procurar pessoas perto das quais se sinta confortável para desabafar sobre essa fase difícil, encontrando alívio.
Pensar no futuro: Plano Funeral

A morte acarreta muitas situações burocráticas que devem ser discutidas em vida. Embora tenha ficado claro o tabu acerca do assunto, existem medidas práticas que podem amenizar algumas situações, como é o caso da contratação de um Plano Funeral.
Essa assistência irá proporcionar um alento para a família enlutada durante esse momento triste. São vários os serviços inclusos no Plano Funeral que vão desde os procedimentos para a liberação do corpo e velório até a realização do enterro ou cremação.
Conclusão
Ter ciência sobre a morte e sua inevitabilidade é saber que medidas precisam ser tomadas no futuro, quando ela ocorrer a alguém próximo. É possível garantir um maior conforto para lidar com a burocracia que envolve a morte para que a família viva o luto sem outras preocupações.
Assim como o Plano Funeral é importante para pensar no futuro dos que irão ficar, o Seguro de Vida também é uma garantia para simplificar os momentos que irão suceder a morte, seja ela natural ou acidental.
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